Xis Princesa


Um contozinho: "Tô gostando"
setembro 27, 2005, 11:43 am
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“Tô gostando” – ela disse e eu sem a mínima vontade de ouvir. Era engraçado como ela balançava a cabeleira daquele jeito. Parecia que ia voar a menina. E que voz aguda, toda vez que eu a via dava vontade doida de esmurrá-la de tão irritante que era a sua voz. Ah, e como gostava de mexer no meu guarda-roupa pra ver se não tinha nenhum bilhetinho escondido em qualquer paletó (Detalhe para o fato de eu não ter nenhum paletó). Ás vezes ela achava uns papéis de bala de hortelã nos bolsos das jaquetas e já ficava doida, porque se chupa bala de hortelã é porque quer ter hálito bom pra sair beijando. 
“Eu não beijo você, chuchuzinho?”. 
“Beija, né, mas parece que nem quer”. 
“Larga mão, amor, ce sabe que é minha única princesinha linda”. 
Era ridículo. Agora lembrando fica pior ainda. Mas passamos vários dias trocando palavras ridículas por ridículas, saindo do zero pra chegar no zero. Era tanto diminutivo naquela voz de Gabriela que dava vontade de pular de um precipício quando eu chegava em casa. Sorte que eu não morava em sobrado. 
Olhei pro relógio e já era hora de ir tomar banho, que droga, odeio ficar lembrando dessas coisas estúpidas que a gente faz quando não pensa. 
Um comentário: E banho, e água, e água e banho e um tanto de sabonete. 
“Gabi, o que achou do paletó, filhinha?”. 
“Ta lindo, papai. Ce vai me comprar um chicletes de hortelã?”. 
“Amanhã, princesa, mamãe ta me esperando e eu já estou atrasado pra festa”. 
Mas se fosse pra fazer um comentário eu diria que ele se atrasou, mas foi perdoado. Dançaram, beberam, se esconderam, transaram, e olha, ela gostou (Mas ele não tinha a mínima vontade de ouvir).



setembro 25, 2005, 3:54 am
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Estou tendo mais preguiça do que idéias ultimamente. Deve ser teníase…



3 POESIAS SANGRENTAS DE DOMINGO
setembro 20, 2005, 9:20 pm
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1. Cavalgada 
Passos tortos 
Roupas mortas 
Gente viúva, casada 
Enamorada, estudante 
Faz sombra 
Faz amor 
Cheio de sina e eu rimo 
Usando sandálias de cheiro 
Amanhã não te verei 
Depois e depois 
Antes da queda 
Meu corpo anuncia 
-Lúcida, 
lúcida 
Escarros de cigarro 
Mal estar escrachado 
Folia dos magos 
MInha música do silêncio 
Gostaria do bota-fora 
Alimentando cigarros 

cri-cri-cri… 

Grilo que de tanto falar ficar chato 
Poucas palavras do grito rouco 
Paralelepípedos cor-de-rosa 
Púrpura invejando a minha beleza 
-Sóbria, 
sóbria 
Meu dinheiro se esgota e minha paciência também 
Cheio de altos 
Minha montanha brasileira 
De morro russa 

2. Aquela calça apertada 
Soluça, pão, queijo, vinho, cerveja 
De pés em pés 
De grãos em ranhos 
Ramos de fruta 
Vejo aquela moça fina 
Desbotando seus seios de moça fina 
E ele a olha 
Olhando, desejando 
Seu sexo, seu cabelo a esparramar 
De salto, de torta, de embriagada 
Me entreolha 
Distância rutilando solta 
Rouba minhas queixas 
Me deixa aleia, de bandeija 
Distância vulgar 
Pulsando sereia 
Gostando, e gotejando 
Vomitando rosas 
azuis, rosas, vermelhas 
Diga aí o que quiser 
Mutile minha mão, 
sem querer me afague 
Rosto torto, modifica 
Feição de assassina nesse desejo nupcia 
Sossegada eu cesso, 
devagar a escrever 
Seria azulada se não fosse vermelha 
Te vejo de longe, parece, 
mas parece ninguém 
Mergulhei pernsando 
que só gosto de mim, 
pra sempre de mim mesma… 
(Junto assim que é pra reforçar a idéia) 

3. Manjericão 
Minha amiga morreu, 
homenagem viva 
De carne, de letras líquidas 
Vertigem, virtua, 
Coçar os próprios 
ritmos cardíacos 
Me calo sozinha, 
meu calo sombria 
E acaba, e de novo. 
E acaba, e de novo. 
Até que não aguente, 
de novo, 
de novo, 
de presente, 
de presunto, 
esse presuntão que é minha perna… 
Líquido no chão 
Escorrendo, quase morrendo 
De vontade, passando 
Tempo calmo, egoísmo 
Sua bochecha rosa e 
calça rosa 
Quem ta aí, não sei 
Talvez todo mundo, 
talvez ninguém 
Mergulhe imunda 
Imensidão pálida de chagas tortas 
Não consigo parar, 
ter início-meio-fim 
Porque do fim ao começo, 
não tenho nenhum meio 
a não ser o das pernas…

Sem figuras porque é sangrenta. Amém.



setembro 16, 2005, 7:11 pm
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E você, fica humilde 
E você, fale manso 
Mande-me pra lá 
Desprenda essa fita, 
fita horrorosa 
Só sou de sonho, 
se não me tem, que me olhe 
Não chore manhoso, 
não agarra meu pé 
Fique feliz 
por ainda ter o seu 
Amigo, sempre amigo 
Rode as cidades sempre fumegante 
Espalha meu perfume por aí 
Se cala, se cala… 
Como eu, 
que adoro em silêncio, 
que choro em silêncio, 
que invento em silêncio. 
Silencie comigo, 
silencie por mim 
Afaga esse ego, amigo, 
Morde seu umbigo 
Mas não, não 
assim você me cansa 
Fica quieto um pouquinho, 
me deixa ouvir essa música 
Você sabe, bem eu sei que sabe 
Me deixa aqui a relentar 
Moscas e moscas e moscas… 
Mas não, espera um pouco, 
Fica mais um pouco então 
Já que quer, fica, fica 
Me leva pra sambar, amigo 
Pega de jeito entre a minha saia 
Eu te encontro fraquinho, 
chutando pedrinha… 
Já que é assim 
Vê se não me amola 
Mas penteia esse seu rosto, 
lave esse seu pé 
Levante, quero te derrubar 
Levante, eu quero te derrubar! 
Levanta, amigo, 
que agora eu caio junto. 

(Quem descobrir a mensagem subliminar na poesia ganha um doce!)



Sapos Roucos
setembro 15, 2005, 7:38 pm
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Eu uso, 
Ele usa, 
Eu chora, 
Ele chora, 
no ciclo vital 
Círculo das Coisas 
Sem cair, 
sem danar 

Eu conheço, 
eu engano, 
eu me dano, 
eu te chamo, 
sempre que posso 
atravesso sem ver 
Seu rosto 
sangrar 

Tenho medo, 
talvez mar, 
talvez rochedo 
Nunca foi 
Sempre foi 
Lembro e lembro 
Que quase me 
esqueço, esqueço 
jamais! 

Passando lento 
Vendo, 
te olhando 
O vento cegando 
A mulher que limpa 
Limpa, mulher, limpa 
Enxuga, disfarça 
Dá no pé 
Assiste e assiste 
Tenta em vão 
Madalena, santa 

Diz que te ouço 
Não me orgulho do nada 
Serei se sereia 
Ninguém me atinge 
Evito e evito 
Evito e evito 
Pra sempre 
Eterno saudar 
De saudades turvas 
(E secas) 

Me ouça, parede 
Me ouça, parede 
Que te falo sincera 
Me arranja um lugar 
Me acolhe serena 
Ficarei quieta 
Nem vai perceber 
Vou entrar pela janela, 
vou roubar esse chinelo 
Assaltar seu lar 
Mirar, te assassinar 

Memorizar até o limbo 
Esse limbo quase que não vejo 
Estátua de queijo, salame 
Deixa eu ir, me deixa partir, 
ficarei, ficarei, ficarei 
até não ficar mais, e daí 
Vou sumir 
Você vai sumir 
Você vai parar 
Você não vai chorar 
E eu, de repente, 
Acabei. 

(Sem suas lágrimas amigo, espatifarei todos os perfumes por uma cachoeira de sapos roucos…) 

♬ Chico Buarque – Essa moça tá diferente



Simplicidade
setembro 14, 2005, 3:44 pm
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não aguento mais o peso 
a pressão 
não aguento mais ter 
ter que comprar 
ter que amar 
ter que transar 
ter que ler 
ter que entender 
ter que fazer 
ter que respirar 
ter que piscar 
pisquei, não adianta 
a morte não é próxima, 
viver me cansa! 
eu sou jovem 
jovem sou eu 
quanto tempo pela frente 
quantos ‘ter’ pela frente 
é horrível 
esse ar que me invade o nariz 
eu defeco toda a semana 
eu como todo o dia 
eu tenho que andar 
tenho que ter frio, 
tenho que ter calor 
tenho que ter cérebro 
e medo 
e agonia 
e saudade 
e poesia 
meus amigos, minha família 
mato todos com o olhar 
parar com tudo, 
parei com tudo 
tomar banho, escovar os dentes 
lembrar da infância 
e ainda ter que ficar contente 
se diz uma coisa 
fico triste 
fico alegre 
fico mal 
fico doente 
fico cansada 
cansei, cansei, cansei 
é difícil viver 
tenho preguiça 
não quero levantar 
não quero piscar 
a vida é complicada 
eu quero parar 
queria ser uma flor 
um gato 
um rato 
um sapo 
um mato, matinho 
qualquer coisa 
qualquer coisa 
estou cansada, vou parar 
ter que escrever 
ter que publicar 
ter que aceitar 
estou presa, eternamente presa 
presa a mim mesma 
tchau, tchau 
vou me despedindo 
continuarei respirando 
continuarei andando 
continuarei, continuarei 
pra no fim fazer um plof! 
sumir, sumir… 
vai ser tão simples 
simplicidade, amigo 
amigo, simplicidade



setembro 8, 2005, 7:24 pm
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Tuberculosite Aguda 

Câncer de cancerianos 
Cancerígenos tuberculosos 
Tussindo os tipos 
Saem do muito 
muito muito pouco, manias 
São tipos pro infinito 
Tiros pro alto 
Perdidos nos meus caminhos 
Pedras, pedregulhões e perdão 
Manias, sapatilhas de João 

Tuberculosos rindo 
Muito certo no lugar errado 
Falando inglês, 
curtindo raríssimas melodias 
Sentimento de imensidão 
Procurando, se arrastando 
Teatro de bugigangas 
Á flor da rouca 
Á flor da pouca 
-idade 

De garotos são feitos os versos 
A caneta tem medo 
A caneta me olha e se esconde 
Como se não fosse comum 
debaixo/entre esse braço geme 
Que inspiro-os, 
que respiro saudades 
De versos feitos de garotos 

Pra catar minhas palavras 
-espalhadas 
E meu véu voou, 
como um sonâmbulo 
Que te incomoda berrando 
Mais doente do que eu, 
nesse teatro do ridículo 
Palavras de retorno 
Retornando ao fim 
Todos meus amigos 
Indo para o fim 
Começando por mim.

♬ Los Hermanos – Todo Carnaval tem seu Fim



setembro 3, 2005, 9:42 am
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Que se for de química? 
Químicos, incógnitas 
Regojizo ‘martírio 
do artista’, desse químico 
minha saia se ata 
Como atos se entrelaça 
minha estrela e minha manha 
Não conheço, 
Admiro-o. 
Sua arte é de zomba 
Zomba samba zombeando 
enquanto riem por aí 
Queres seu desejo, os seus cabelos 
suas marcas que pensa disfarçar 
Ficaram. 
Não conheço, 
Admiro-o. 
Nem quase lhe troquei palavras 
Mas em sua rua ando nua, 
que me achou despercebida! 
Pensa que me engana? 
Pois não me engana. 
És dos meus 
És dos meus 
És dos meus 
Ás dos meus 
Ás de ouros 
És de ouro 
És de outro 
… 
Passaria noites escutando serpentes 
(e cervejas) 
Descobrirá cada próton de mulher 
pra que no fim não ache nada 
Porque tudo achas… 
Mas o que mais queres é não achar 
Acende Acende Aí… 
Não conheço, 
Admiro-o. 
(22:37pm)
 

♬ Supertramp – Dreamer



setembro 3, 2005, 6:36 am
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Vou vivendo, vou vivendo, por tempo indeterminado. Eu preciso ligar pra alguém mas todo mundo dorme a madrugada toda. eu me sinto assim assim como se tivesse ainda uns 13 anos. A diferença é que eu tenho 3 a mais. Existem outras diferenças também que na verdade fazem toda a diferença. Na verdade eu queria falar um pouco sobre mim por todo o corrimento de correções e sentimentos que me atravessam em algumas partes específicas mas NÃO. NÃO, NÃO e mais um NÃO. Sabe, só se tem medo de morrer enquanto há um perigo eminente. por isso eminente rima com doente. 
Felizes são as putas, felizes são os mortos, felizes são os que se julgam infelizes… 
E a vida passando diante de mim, eu não quero assistir, por mais CLICHÊ que isso seja (Eu não me importo, ser clichê é mais fácil e eu quero ser clichê pra sempre)… 

♬ Cansei de Ser Sexy – Art-Bitch