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“Tô gostando” – ela disse e eu sem a mínima vontade de ouvir. Era engraçado como ela balançava a cabeleira daquele jeito. Parecia que ia voar a menina. E que voz aguda, toda vez que eu a via dava vontade doida de esmurrá-la de tão irritante que era a sua voz. Ah, e como gostava de mexer no meu guarda-roupa pra ver se não tinha nenhum bilhetinho escondido em qualquer paletó (Detalhe para o fato de eu não ter nenhum paletó). Ás vezes ela achava uns papéis de bala de hortelã nos bolsos das jaquetas e já ficava doida, porque se chupa bala de hortelã é porque quer ter hálito bom pra sair beijando.
“Eu não beijo você, chuchuzinho?”.
“Beija, né, mas parece que nem quer”.
“Larga mão, amor, ce sabe que é minha única princesinha linda”.
Era ridículo. Agora lembrando fica pior ainda. Mas passamos vários dias trocando palavras ridículas por ridículas, saindo do zero pra chegar no zero. Era tanto diminutivo naquela voz de Gabriela que dava vontade de pular de um precipício quando eu chegava em casa. Sorte que eu não morava em sobrado.
Olhei pro relógio e já era hora de ir tomar banho, que droga, odeio ficar lembrando dessas coisas estúpidas que a gente faz quando não pensa.
Um comentário: E banho, e água, e água e banho e um tanto de sabonete.
“Gabi, o que achou do paletó, filhinha?”.
“Ta lindo, papai. Ce vai me comprar um chicletes de hortelã?”.
“Amanhã, princesa, mamãe ta me esperando e eu já estou atrasado pra festa”.
Mas se fosse pra fazer um comentário eu diria que ele se atrasou, mas foi perdoado. Dançaram, beberam, se esconderam, transaram, e olha, ela gostou (Mas ele não tinha a mínima vontade de ouvir).
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Estou tendo mais preguiça do que idéias ultimamente. Deve ser teníase…
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1. Cavalgada
Passos tortos
Roupas mortas
Gente viúva, casada
Enamorada, estudante
Faz sombra
Faz amor
Cheio de sina e eu rimo
Usando sandálias de cheiro
Amanhã não te verei
Depois e depois
Antes da queda
Meu corpo anuncia
-Lúcida,
lúcida
Escarros de cigarro
Mal estar escrachado
Folia dos magos
MInha música do silêncio
Gostaria do bota-fora
Alimentando cigarros
cri-cri-cri…
Grilo que de tanto falar ficar chato
Poucas palavras do grito rouco
Paralelepípedos cor-de-rosa
Púrpura invejando a minha beleza
-Sóbria,
sóbria
Meu dinheiro se esgota e minha paciência também
Cheio de altos
Minha montanha brasileira
De morro russa
2. Aquela calça apertada
Soluça, pão, queijo, vinho, cerveja
De pés em pés
De grãos em ranhos
Ramos de fruta
Vejo aquela moça fina
Desbotando seus seios de moça fina
E ele a olha
Olhando, desejando
Seu sexo, seu cabelo a esparramar
De salto, de torta, de embriagada
Me entreolha
Distância rutilando solta
Rouba minhas queixas
Me deixa aleia, de bandeija
Distância vulgar
Pulsando sereia
Gostando, e gotejando
Vomitando rosas
azuis, rosas, vermelhas
Diga aí o que quiser
Mutile minha mão,
sem querer me afague
Rosto torto, modifica
Feição de assassina nesse desejo nupcia
Sossegada eu cesso,
devagar a escrever
Seria azulada se não fosse vermelha
Te vejo de longe, parece,
mas parece ninguém
Mergulhei pernsando
que só gosto de mim,
pra sempre de mim mesma…
(Junto assim que é pra reforçar a idéia)
3. Manjericão
Minha amiga morreu,
homenagem viva
De carne, de letras líquidas
Vertigem, virtua,
Coçar os próprios
ritmos cardíacos
Me calo sozinha,
meu calo sombria
E acaba, e de novo.
E acaba, e de novo.
Até que não aguente,
de novo,
de novo,
de presente,
de presunto,
esse presuntão que é minha perna…
Líquido no chão
Escorrendo, quase morrendo
De vontade, passando
Tempo calmo, egoísmo
Sua bochecha rosa e
calça rosa
Quem ta aí, não sei
Talvez todo mundo,
talvez ninguém
Mergulhe imunda
Imensidão pálida de chagas tortas
Não consigo parar,
ter início-meio-fim
Porque do fim ao começo,
não tenho nenhum meio
a não ser o das pernas…
Sem figuras porque é sangrenta. Amém.
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E você, fica humilde
E você, fale manso
Mande-me pra lá
Desprenda essa fita,
fita horrorosa
Só sou de sonho,
se não me tem, que me olhe
Não chore manhoso,
não agarra meu pé
Fique feliz
por ainda ter o seu
Amigo, sempre amigo
Rode as cidades sempre fumegante
Espalha meu perfume por aí
Se cala, se cala…
Como eu,
que adoro em silêncio,
que choro em silêncio,
que invento em silêncio.
Silencie comigo,
silencie por mim
Afaga esse ego, amigo,
Morde seu umbigo
Mas não, não
assim você me cansa
Fica quieto um pouquinho,
me deixa ouvir essa música
Você sabe, bem eu sei que sabe
Me deixa aqui a relentar
Moscas e moscas e moscas…
Mas não, espera um pouco,
Fica mais um pouco então
Já que quer, fica, fica
Me leva pra sambar, amigo
Pega de jeito entre a minha saia
Eu te encontro fraquinho,
chutando pedrinha…
Já que é assim
Vê se não me amola
Mas penteia esse seu rosto,
lave esse seu pé
Levante, quero te derrubar
Levante, eu quero te derrubar!
Levanta, amigo,
que agora eu caio junto.
(Quem descobrir a mensagem subliminar na poesia ganha um doce!)
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Eu uso,
Ele usa,
Eu chora,
Ele chora,
no ciclo vital
Círculo das Coisas
Sem cair,
sem danar
Eu conheço,
eu engano,
eu me dano,
eu te chamo,
sempre que posso
atravesso sem ver
Seu rosto
sangrar
Tenho medo,
talvez mar,
talvez rochedo
Nunca foi
Sempre foi
Lembro e lembro
Que quase me
esqueço, esqueço
jamais!
Passando lento
Vendo,
te olhando
O vento cegando
A mulher que limpa
Limpa, mulher, limpa
Enxuga, disfarça
Dá no pé
Assiste e assiste
Tenta em vão
Madalena, santa
Diz que te ouço
Não me orgulho do nada
Serei se sereia
Ninguém me atinge
Evito e evito
Evito e evito
Pra sempre
Eterno saudar
De saudades turvas
(E secas)
Me ouça, parede
Me ouça, parede
Que te falo sincera
Me arranja um lugar
Me acolhe serena
Ficarei quieta
Nem vai perceber
Vou entrar pela janela,
vou roubar esse chinelo
Assaltar seu lar
Mirar, te assassinar
Memorizar até o limbo
Esse limbo quase que não vejo
Estátua de queijo, salame
Deixa eu ir, me deixa partir,
ficarei, ficarei, ficarei
até não ficar mais, e daí
Vou sumir
Você vai sumir
Você vai parar
Você não vai chorar
E eu, de repente,
Acabei.
(Sem suas lágrimas amigo, espatifarei todos os perfumes por uma cachoeira de sapos roucos…)
♬ Chico Buarque – Essa moça tá diferente
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não aguento mais o peso
a pressão
não aguento mais ter
ter que comprar
ter que amar
ter que transar
ter que ler
ter que entender
ter que fazer
ter que respirar
ter que piscar
pisquei, não adianta
a morte não é próxima,
viver me cansa!
eu sou jovem
jovem sou eu
quanto tempo pela frente
quantos ‘ter’ pela frente
é horrível
esse ar que me invade o nariz
eu defeco toda a semana
eu como todo o dia
eu tenho que andar
tenho que ter frio,
tenho que ter calor
tenho que ter cérebro
e medo
e agonia
e saudade
e poesia
meus amigos, minha família
mato todos com o olhar
parar com tudo,
parei com tudo
tomar banho, escovar os dentes
lembrar da infância
e ainda ter que ficar contente
se diz uma coisa
fico triste
fico alegre
fico mal
fico doente
fico cansada
cansei, cansei, cansei
é difícil viver
tenho preguiça
não quero levantar
não quero piscar
a vida é complicada
eu quero parar
queria ser uma flor
um gato
um rato
um sapo
um mato, matinho
qualquer coisa
qualquer coisa
estou cansada, vou parar
ter que escrever
ter que publicar
ter que aceitar
estou presa, eternamente presa
presa a mim mesma
tchau, tchau
vou me despedindo
continuarei respirando
continuarei andando
continuarei, continuarei
pra no fim fazer um plof!
sumir, sumir…
vai ser tão simples
simplicidade, amigo
amigo, simplicidade
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Tuberculosite Aguda
Câncer de cancerianos
Cancerígenos tuberculosos
Tussindo os tipos
Saem do muito
muito muito pouco, manias
São tipos pro infinito
Tiros pro alto
Perdidos nos meus caminhos
Pedras, pedregulhões e perdão
Manias, sapatilhas de João
Tuberculosos rindo
Muito certo no lugar errado
Falando inglês,
curtindo raríssimas melodias
Sentimento de imensidão
Procurando, se arrastando
Teatro de bugigangas
Á flor da rouca
Á flor da pouca
-idade
De garotos são feitos os versos
A caneta tem medo
A caneta me olha e se esconde
Como se não fosse comum
debaixo/entre esse braço geme
Que inspiro-os,
que respiro saudades
De versos feitos de garotos
Pra catar minhas palavras
-espalhadas
E meu véu voou,
como um sonâmbulo
Que te incomoda berrando
Mais doente do que eu,
nesse teatro do ridículo
Palavras de retorno
Retornando ao fim
Todos meus amigos
Indo para o fim
Começando por mim.
♬ Los Hermanos – Todo Carnaval tem seu Fim
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Que se for de química?
Químicos, incógnitas
Regojizo ‘martírio
do artista’, desse químico
minha saia se ata
Como atos se entrelaça
minha estrela e minha manha
Não conheço,
Admiro-o.
Sua arte é de zomba
Zomba samba zombeando
enquanto riem por aí
Queres seu desejo, os seus cabelos
suas marcas que pensa disfarçar
Ficaram.
Não conheço,
Admiro-o.
Nem quase lhe troquei palavras
Mas em sua rua ando nua,
que me achou despercebida!
Pensa que me engana?
Pois não me engana.
És dos meus
És dos meus
És dos meus
Ás dos meus
Ás de ouros
És de ouro
És de outro
…
Passaria noites escutando serpentes
(e cervejas)
Descobrirá cada próton de mulher
pra que no fim não ache nada
Porque tudo achas…
Mas o que mais queres é não achar
Acende Acende Aí…
Não conheço,
Admiro-o.
(22:37pm)
♬ Supertramp – Dreamer
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Vou vivendo, vou vivendo, por tempo indeterminado. Eu preciso ligar pra alguém mas todo mundo dorme a madrugada toda. eu me sinto assim assim como se tivesse ainda uns 13 anos. A diferença é que eu tenho 3 a mais. Existem outras diferenças também que na verdade fazem toda a diferença. Na verdade eu queria falar um pouco sobre mim por todo o corrimento de correções e sentimentos que me atravessam em algumas partes específicas mas NÃO. NÃO, NÃO e mais um NÃO. Sabe, só se tem medo de morrer enquanto há um perigo eminente. por isso eminente rima com doente.
Felizes são as putas, felizes são os mortos, felizes são os que se julgam infelizes…
E a vida passando diante de mim, eu não quero assistir, por mais CLICHÊ que isso seja (Eu não me importo, ser clichê é mais fácil e eu quero ser clichê pra sempre)…
♬ Cansei de Ser Sexy – Art-Bitch