Xis Princesa


Sapos Roucos
setembro 15, 2005, 7:38 pm
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Eu uso, 
Ele usa, 
Eu chora, 
Ele chora, 
no ciclo vital 
Círculo das Coisas 
Sem cair, 
sem danar 

Eu conheço, 
eu engano, 
eu me dano, 
eu te chamo, 
sempre que posso 
atravesso sem ver 
Seu rosto 
sangrar 

Tenho medo, 
talvez mar, 
talvez rochedo 
Nunca foi 
Sempre foi 
Lembro e lembro 
Que quase me 
esqueço, esqueço 
jamais! 

Passando lento 
Vendo, 
te olhando 
O vento cegando 
A mulher que limpa 
Limpa, mulher, limpa 
Enxuga, disfarça 
Dá no pé 
Assiste e assiste 
Tenta em vão 
Madalena, santa 

Diz que te ouço 
Não me orgulho do nada 
Serei se sereia 
Ninguém me atinge 
Evito e evito 
Evito e evito 
Pra sempre 
Eterno saudar 
De saudades turvas 
(E secas) 

Me ouça, parede 
Me ouça, parede 
Que te falo sincera 
Me arranja um lugar 
Me acolhe serena 
Ficarei quieta 
Nem vai perceber 
Vou entrar pela janela, 
vou roubar esse chinelo 
Assaltar seu lar 
Mirar, te assassinar 

Memorizar até o limbo 
Esse limbo quase que não vejo 
Estátua de queijo, salame 
Deixa eu ir, me deixa partir, 
ficarei, ficarei, ficarei 
até não ficar mais, e daí 
Vou sumir 
Você vai sumir 
Você vai parar 
Você não vai chorar 
E eu, de repente, 
Acabei. 

(Sem suas lágrimas amigo, espatifarei todos os perfumes por uma cachoeira de sapos roucos…) 

♬ Chico Buarque – Essa moça tá diferente


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