Xis Princesa


Rodoviárias
junho 30, 2008, 9:32 pm
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Parei em um banco, chegando de outra cidade. Fiquei lá. Atrás de mim, um homem que não ousei encarar, falava animadamente ao telefone. Acho que era gay. Mas estava arrependido de alguma coisa. Haviam outras pessoas sentadas, esperando, sozinhas. Havia de dois a três bancos entre elas. Uma a minha frente fumava e lia um livro. Havia também um garotinho que me encarava as vezes com seus olhos grandes de criança curiosa. Comecei a ter a idéia de escrever sobre rodoviárias. Logo tracei um curto diálogo silencioso comigo mesma: “Acho que alguém já deve ter escrito sobre rodoviárias. Será? Com certeza alguém já escreveu. Mas é uma idéia tão bacana. Vou escrever no meu caderninho, e daí se alguém já escreveu? Se já, eu nunca li.” – Quer dizer, não dá pra transcrever exatamente o que eu pensei, mas juro que foi mais ou menos isso.

Então comecei a escrever sobre rodoviárias. E descobri que há muito o que falar sobre elas…

A rodoviária não é o lugar comum dos estranhos desconhecidos. Lá, ninguém se olha, as vidas passam alheias, porque todos se preocupam demais com as suas próprias vidas quando voltam ou estão de viagem. Estão pensando “Que horas são?”, “Estou atrasado”, “E se o vidro de perfume estourar na minha mochila?”, “Esqueci as escovas de dente”, “Que saudades..” e assim por diante. Então cada um segue seu rumo, literalmente. Ah, se a vida fosse rodoviária!

A rodoviária é o antro da saudades, dos sentimentos mais puros. Ouvi dizer uma vez que “miss” em ingles quer dizer “sentir falta”, mas não há designação da palavra “saudades” – aquele sentimento de angústia (?) misturada com solidão (?) fervor, amor, ódio (????) – em mais nenhuma outra lingua a não ser no português. Os brasileiros sentem saudades, nobre. E é na rodoviária que esse sentimento deságua nas mais diferentes maneiras. A saudade, ao mesmo tempo que morre ali, também nasce. As pessoas vão e vem.

A rodoviária é o espaço dos abraços, das descobertas, dos deslumbramentos, da ansiedade, do nervosismo, do medo, do refúgio, da escapatória, da solidão, da congregação.

A rodoviária é a igreja do brasileiro. Que está sempre lá, tão longe… E sobre rodoviárias, fico com a impressão que disse muito pouco.

 



Sono, sonhos, dormir
junho 25, 2008, 11:47 pm
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Jesus, como é terrível ter que acordar cedo. É deprimente, nenhum ser humano deveria passar por essa mácula na vida. Todos deveriam se deitar e dormir pelo menos umas 9 horas todos os dias, já pensou? O mundo seria muito mais alegre, as pessoas conversariam mais, ririam mais, se amariam mais! Mas não. Todo mundo quer acordar logo, ficar o dia todo cansado, mas fazendo milhões e milhões de coisas ao mesmo tempo, tipo reclamar do trânsito, trabalhar, adiantar alguma coisa atrasada, sair correndo, voltar de casa, ir pra casa. Fico pensando que se o dia tivesse 30 horas, todo mundo ia dormir 5 horas por dia e não iriam fazer o que fazem nessas 24 horas.
Vai, francamente. Às vezes o sono é mais forte que a gente. Quando a gente vê, puf! Já tá dormindo. E é muito bom vai, fala a verdade? Não é a toa que existem mais de 1 milhão de pessoas no Orkut que odeiam acordar cedo. A voz do povo é a voz de Deus. E Deus deveria decretar que merecemos dormir mais! VIVA O SONO!  

Atualizado! Vídeos – Imagine, John Lennon (Só postei esse vídeo porque fiquei impressionada: 9 MILHÕES DE ACESSOS)



Exercício de Flanêur – Parte Dois
junho 23, 2008, 10:15 pm
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Post ainda ainda nas minhas aulas de sociologia,parte minha do trabalho: Fotos da cidade com pequenas historietas baseadas nos textos do João do Rio.

 

Voltava de uma grande dor de cabeça pós uma noite de ebriedade. Vejo-me pelas ruas quase caindo em cima das sarjetas que me parecem mais camas, confortáveis camas. A cabeça se apóia no parapeito como se ele tivesse sido construído especialmente para ela. A visão tortuosa de repente ajeitou-se: Via diante de mim o velho e o novo, o agora e o depois, o convém e não convém, o moderno e o medieval. As linhas traçadas davam pro céu. Cansado, bêbado, fatigado, dormi e esqueci de todos os paradoxos revordosos da cabeça bêbada. Acordei e não passavam de edifícios.

 

O rádio toca a decisão do campeonato, por enquanto, 2 a zero. Os cobertores cheias de poeira, voam seus ácaros. Rodeando seu corpo o frio do dia ensolarado. O cachorro que dorme com as pulgas. As bitucas de cigarro daquele mal-educado. Algo que estourou sem querer. As folhas de caderno que voaram, perdendo-se para sempre. As folhas comidas das árvores. Poeira. Vento. Chuva. Sol. Tudo volta a ser limpo, a vassoura dança suja limpando toda a podridão.

 

A janela era uma mácula. A luz não poderia ultrapassá-la minimamente, se não corria o risco de queimar-lhe a pele até surgir a carne-viva. Escondia-se pelos cantos da casa como um cachorro amedrontado na prisão. Resmungava palavras sem nexo a partir de conclusões estúpidas e loucas. Alguém as vezes o visitava, sem a menor vontade. “Você está bem?” – Perguntavam. E a resposta era sempre vazia. Até que um dia chegou o rebento da terceira geração. Abriram a janela com vontade de brincar. A luz do sol esverdeou-se, ele viu a vertigem, viu o céu, nuvens, prédios, flashbacks, cantos de parede verdes. Fechou os olhos e nunca mais.

 

Posicionam-se os corredores. Ouve-se o disparo. A pista é imensa, saem. É só um treino, mas há apreensão, nervosismo, nuvem de poeira e inquietude.  Quem será o vencedor? Amanhã é dia de decisão. Um deles vai parando lentamente. Pára. Olha para o chão e vê aquela planta disforme, quase em forma de um coração. Apóia-se no chão, maravilhado, observa: O Universo dança, conspirando em cada detalhe sórdido seus ritmos cardíacos. Emociona-se. Os outros corredores já o ultrapassaram por uma volta. Ele venceu.

 

Depois de vinte e três anos, a caminho de uma padaria qualquer que vendesse qualquer cigarro, foi que vi. A luz vermelha nunca foi tão conveniente. Contemplava a cena de longe. Conversavam displicentemente, banalmente. Será que já esqueceram? É bem possível, depois de tanto tempo…  Já devem ter esquecido mesmo. Como vieram parar aqui? Como ela foi pintar o cabelo dessa cor? Por que discute com esse garoto? Será que esse garoto é “aquele”? Ela engordou. Deu vontade de chorar, e sim, certa saudade. Mas esqueceram. Virei-me de costas e fugi, calmamente, fumando meu último cigarro, sem esperança de encontrar outro.

 

Ah! Se todas essas águas fossem iguais. Termina o dia e estou aqui, imundo, descido de uma barcaça suja, precisando de um banho. Mas o sol se põe, e meus olhos não conseguem relutar em olhar para a calçada suja, eles querem o mar ainda, em tom de despedida, do mesmo jeito que o sol se despede do mar. Um homem com seu segundo olho reluta, filma sem saber a despedida.



Han?
junho 21, 2008, 9:24 pm
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Esse merece o post no blog:

 
GuerilLA Freeze – 3rd Street Promenade from Kelly Herrington on Vimeo.



Crônica: Exercício de Flanêur
junho 16, 2008, 5:32 pm
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Inspirado nas minhas aulas de sociologia.
“Não existem coisas interessantes. Existem olhares interessantes sobre as coisas” (Lira)


Nesta cidade, onde há tudo e nada ao mesmo tempo, nem vejo o tempo passar porque estou dormindo, apoiada na janela do ônibus. Abro os olhos. É um ambiente tão acolhedor… Está frio e todos estão agasalhados, menos aquele senhor sentado na sarjeta bebendo algo na sua caneca de alumínio. Ele está com calor, está em seu interior e a cidade não está lá para ele.

Se chove, todas as direções são duplicadas. As gotas caem e todos fogem, mas não vêem seus sapatos de couro refletidos nesse espelho d’agua. Que pena. Ali há um pombo pousado no alto de um poste. Ele observa o horizonte, de um lado para o outro, sua cabeça não fixa. E a multidão passa lá em baixo, e ele não vê, simplesmente não os vê.

O homem com medo e sendo perseguido, a velha senhora com uma sacola de feira no meio de uma grande avenida, o jovem ansioso esperando a namoradinha, a garota ouvindo musica impunemente, o grupo de meninos rindo de algum machismo, algumas pessoas tão parecidas… Duas bolsas iguais. Dois sapatos iguais, mas um está mais sujo, outro é maior.

Segue o corredor de ônibus, e as pessoas esperam lá, sem saber pra onde olham. As vezes alguém chama a atenção mas tem de desviar o olhar porque ela parece não gostar de ser observado… Mas vou olhar pra onde, então? Para o tênis, o canto da bolsa, o broche pousado, a formiga andando ali tão solitária! Mas formigas não andam em grupos? Pessoas andam sozinhas demais. Cada um comendo seu prato em uma mesa muito maior. “Com licença, posso sentar aqui?”. É incômodo dividir a mesa com estranhos. O silêncio gritante de dois desconhecidos! Sofremos no elevador. “São só alguns minutos, segundos, talvez”.

Há camadas de sons ecoando. Alguém falando do meu lado, a britadeira, os carros, os ônibus, as pessoas falando, os passos, as árvores chacoalhando com o vento, caixas registradoras, risos, coisas caindo no chão, um homem que toca com a colher num prato vazio, o bêbado que murmura, empurrões, coisas derrapando, sacolas de supermercado, moedas, caixas de cerveja… Quem sabe lá no fundo, o som de passarinhos?

Há camadas de cheiros também. Expressões faciais provindo desses cheiros. Cheiro de pó, de sujeira, de perfume importado, de mulher, de homem, de bebê, cimento, cigarro, arbusto, fumaça, café, suco, comida, cabeleireiro, plástico… Mas não se sente nada, todos estão gripados. No fundo quem sabe, o creme nos cabelos da garota, aqueles cabelos com aparência de molhados, mesmo depois de secos a muito tempo… O que nos irrita, talvez percebamos… Leggings… “Que mau gosto!”

Fiquei de olhos abertos. Até chegar no ponto final. Abstraí, pensei nesse texto, tudo acaba em menos de um segundo. Volto-me para meu interior, e a cidade lá fora, vivendo tudo tão descaradamente, bem na minha cara. Menos de um segundo.



Odeio ficar doente
junho 13, 2008, 11:04 pm
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Ficar doente é muito ruim! Sem pessoas pra conversar, coisas pra fazer, nem novidades… E sono exagerado, remédios… Arg! Amanhã eu tenho de estar boa.



DIA DOS NAMORADOS
junho 12, 2008, 6:46 pm
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 Dia dos namorados é depressivo pra quem não namora, pelo menos  pra mim é. Por isso, vamos rir dessa situação, comendo muito  chocolate para liberar endorfina, ouvindo músicas da jovem guarda  sobre amores pitchulos, mandar “torpedos” para amigos bestas e rir  de piadinhas estilo pedreiro, como:

 “Você é o ovo que faltava na minha marmita.”
 “Você tem goibada dentro da barriga? Porque você é um sonho.”
 “Seu pai é mecânico? Porque você é uma graxinha.”
 “Tem uma pedra no alto do morro. E aí? Rola ou não rola?”
 “Do you have a spoon? Because I’m giving you a soup.”

 

E uma frase do Adão: “Eva era tão ciumenta que contava minhas costelas todos os dias”
E outra do Gilberto Gil: “Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim/Puxando o cabelo nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não cair”
E posso ficar feliz. Se eu fosse corinthiana estaria pior.

Mas no fim de tudo, ALL YOU NEED IS LOVE!

Love, love, love
Love, love, love
Love, love, love

There’s nothing you can do that can’t be done
Nothing you can sing that can’t be sung
Nothing you can say, but you can learn how the play the game
It’s easy

There’s nothing you can make that can’t be made
No one you can save that can’t be saved
Nothing you can do, but you can learn how to be you in time
It’s easy

All you need is love
All you need is love
All you need is love, love
Love is all you need
Love, love, love
Love, love, love
Love, love, love

All you need is love
All you need is love
All you need is love, love
Love is all you need

There’s nothing you can know that isn’t known
Nothing you can see that isn’t shown
Nowhere you can be that isn’t where you’re meant to be
It’s easy

All you need is love
All you need is love
All you need is love, love
Love is all you need

Atualizado: Vídeos – “Seus Passos – Skank”



LISTAS
junho 9, 2008, 8:41 pm
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No filme Alta Fidelidade, o protagonista Rob Gordon, interpretado por John Cusack, conta seus devaneios amorosos através de citações principalmente musicais. Durante o filme também lista seus “top 10” em relação a tudo na sua vida. Inspirado nesse filme, eu fiz os meus “top 5”.

Top 5 – Filmes (Vai faltar muita coisa)
5) Metropolis – Fritz Lang
4) Tropa de Elite – José Padilha (haha, podem me zuar)
3) Encontro com Milton Santos – Silvio Tendler
2) O Anjo Exterminador – Luis Buñuel
1) Os sonhadores – Bernardo Bertolucci (Porque foi um dos motivos de eu querer fazer cinema)

Top 5 – Músicas
5) Paperback Writer – The Beatles
4) Descobridor dos sete mares – Tim Maia
3) Lived in Bars – Cat Power
2) Ciranda da Bailarina – Chico Buarque
1) A Menina Dança – Novos Baianos

Top 5 – Pinturas
5) Anunciação – Sandro Boticceli
4) Andy Warhol – Marilyn Monroe
3) A Banhista de Valpinçon – Ingres
2) Personagens Invertidos – Joan Miró
1) Ceci n’est pas une pipe – Rene Magritte

Top 5 – Capas de Disco
5) The Beatles – Sgt. Peppers
4) The Clash – London Calling
3) Cat Power – The Greatest
2) Tropicália – Panis et Circencis
1) Velvet Underground (Banana)

Top 5 – Divas
5) Marilyn Monroe
4) Greta Garbo
3) Louise Brooks
2) Marlene Dietrich
1) Bette Davis

Top 5 – Quadrinhos
5) Peanuts – Charles Schulz
4) Fritz, the Cat – Robert Crumb
3) Persépolis – Marjane Sartapi
2) Flash Gordon – Alex Raymond
1) Estranhos no Paraíso – Terry Moore

Top 5 – Livros (Literatura)
5) Perto do Coração Selvagem – Clarice Lispector
4) 100 anos de solidão – Gabriel Garcia Marques
3) 1984 – George Orwell
2) A Misteriosa Chama da Rainha Loana – Umberto Eco
1) As Meninas – Lygia Fagundes Telles

Top 5 – Comidas e Bebidas
5) Salame, azeite e azeitona preta
4) Japonesa
3) Quarteirão com Queijo
2) Strogonoff da mãe
1) Coca-Cola

Top 5 – Figuras Históricas
5) Vargas
4) Beethoven
3) Maria Antonieta
2) Napoleão
1) Jânio Quadros

Top 5 – Séries de TV
5) Friends
4) Todo Mundo Odeia o Cris
3) Gilmore Girls
2) Pushing Daises
1) Heroes

Top 5 – Clipes
5) Joan Jett – I Love Rock’n’Roll
4) David Bowie – Oh! You Pretty Things
3) Skank – Seus Passos
2) The Beatles – I’m the Walrus
1) White Stripes – My Doorbell

Adoro listas.
Listas viciam.
Frase da semana: “Júlia, coloque as legendas em Mandarim, hoje acordei meio oriental” – By dindihappy para juliacine. HAHA

O QUE FOI ESSE FIM DE SEMANA??????? :DDD



QUINTA A NOITE
junho 5, 2008, 11:42 pm
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Quinta a noite é especial para mim. Especial porque no dia seguinte já é sexta. Especial porque ainda está longe do domingo. Especial porque é na quinta que eu percebo que preciso dormir cedo. Especial porque voltam-se os ânimos da segunda ansiosos pelo fim-de-semana.

Que beleza! Acho que estou tendo cada dia mais dias de bom-humor! Ó que céu cinzento e maravilhoso, as britadeiras que rugem, os ônibus que passam por mim! Me vejo segurando com a pontinha dos dedos um vestido florido, enquanto canto alegremente uma canção do estilo walt disney e os passarinhos acompanham meu compasso liririiii lararaaaaUUUU… Ignore isso.

Tenho um post prontinho pra amanhã. Mas acho que só volto na segunda-feira. Bom fim-de-semana, fiquem com deus e muito juízo na cabecinha.

PS: Acho que me apaixonei pelo Kiko Goifman. Também? Quem não se apaixonaria, hãnnn?? Haha.



AMOR E ÓDIO
junho 4, 2008, 11:57 pm
Filed under: pessoais | Tags: ,

Amo minhas amigas, odeio que elas não moram em São Paulo.
Amo filmes, odeio não ter visto todos que eu gostaria.
Amo desafios, odeio ficar angustiada diante deles.
Amo fazer várias coisas, odeio não ter tempo.
Amo São Paulo, odeio porque é São Paulo.
Amo minha gata, odeio morar longe dela.
Amo o mundo, odeio não o compreender.
Amo música, odeio não saber tocar nada.
Amo teatro, odeio o preço do ingresso.
Amo ler livros, odeio não ter tempo.
Amo gastar, odeio não ter dinheiro.
Amo o mistério, odeio esperar.
Amo escrever, odeio calinhos.
Amo tanto, odeio estar longe.

“Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela é bonita
Tem um olho sempre a boiar
E outro que agita”

ATUALIZADO! Vídeos: “Mágico de OZ sincronizado com Dark side of the Moon, do Pink Floyd”